Na saída do Ana Rosa, tinha um violinista.
De camisa do Brasil e estojo no chão, aberto para a coleta de doações, ele tocava, tocava e tocava, musicava a trajetória das pessoas que passavam apressadas, rumo a não se sabe onde.
Algumas pessoas, porém, paravam pra assistir. Um velhinho de colete marrom e boina, com bigode branco, com todos os ares de vovô. Um jovem com cara de estudante do ensino médio, de shorts xadrez e uma certa timidez. Uma senhorinha gordinha vestida de rosa, que comentou "aah violino, difícil, né?"
Algumas pessoas só passavam, outras passavam e jogavam um trocadinho dentro do estojo. Uma senhorinha foi indo embora e procurando no bolso, com toda a cara de que ia voltar se achasse alguma coisa. Outra deu as moedinhas falando ao telefone ao mesmo tempo.
Ele agradecia a todos com um sorriso, até que ficou realmente envolvido com sua melodia. Ele violinava, mudava, tocava, inhunhizava e arregalava os olhos e sorria, e arregalava de novo, e aumentava o ritmo, e voltava ao normal, e dava uma cambalhota na melodia, os olhos enormes, acelerava de novo.
De mim, ele ganhou risadas, palmas, duas moedas e um sorriso, "parabéns!".
Dele, eu ganhei um sorriso gigante, "obrigado".
E a melodia, e um sorriso que ficou por mais de três quarteirões.
Um momento doce que faz um dia comum valer a pena.
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