(Se voce chegou agora, leia primeiro o post de baixo, okay?)
Entao, estava tendo lah o meu dia divertido.
Nao me arrependia muito de ter ido com elas... Dormir no sofa tinha me descansado um pouco, de modo que as palpebras nao pesavam mais. Aproveitava pra me encher de fruta e ouvir as senhoras cantando.
Gotoso, placido, ateh confortante.
Dai ele chegou.
Os olhos puxadinhos, o cabelo espetado, a camiseta amarela. Um abraco na vo, alguns olhares furtivos, uma timidez pequenina.
Oito anos de idade, e um dos sorrisos mais lindos que eu ja vi.
E tudo comecou com uns olhares logo desviados quando os olhos se encontravam. Uns comecos de sorrisos, uma risada no abraco da voh - e a risada dele era quase musica. "Queria que ele risse assim comigo" pensei, enquanto sorria ao ver a cena.
Depois, foi do jeito tradicional - com uma caneta e uma mao (jah era, virou tradicao - e quem disse que uma boca desenhada nao diz nada?).
Um NiHao nas costas das maos. Um bigode na palma de uma mao, uma boca com linguinha na outra. Muitas risadas das senhoras, e sorrisos timidos do menino.
Orelhas nas costas das maos, orelhas que viravam borboletas... e que viravam peixe junto com a mao dele. Ideias que eu ja usei no Brasil, e que continuo usando aqui do outro lado. Um jeito de lembrar de momentos maravilhosos e criar outros... um jeito de juntar essas duas partes da vida.
Olhinhos piscantes nas maos dele, focinho de gatinho. "Mao" (gato) como ele disse pra vo dele, com um sorriso ainda timido no rosto.
Ainda timido, me mostrou o brinquedo dele: um escaravelho preto de plastico com rodinhas.
Bancando o palhacinho (voce eh que da a intencao ao que acontece, atraves da sua reacao), brinquei um pouco com o bichinho, tipo "ooh, olha o que ele faz!".
E depois, fomos brincando, e a magica foi acontecendo. Brincar com o escaravelho, lutinha com uma vareta que ele tinha, jogar a caixa do brinquedo um no outro - e uma risada compartilhada quando ela caiu certeira na lata de lixo, numa jogada impossivel de se imitar de proposito.
E ai, de repente, sem que desse pra perceber, estavamos rindo muito, lutando com a vareta, coma caixa, com o guardanapo - fazendo a maior baderna, a maior baderna feliz e contente, ao som da risada musical dele. E de repente ele estava rasgando a caixa dele em pedacinhos e jogando em cima de mim, pra logo eu jogar em cima dele e ele jogar de novo em cima de mim, sujando todo o chao, fazendo bagunca, e rindo e rindo e rindo.
E ai foi acalmar, arrumar a bagunca, tirar as ultimas fotos e dizer adeus.
E ver um arco-iris perfeito, e um dos fins de tarde mais bonitos, parecendo pintado.
Foi uma das melhores tardes que eu jah passei aqui, em grande (grande, enorme) parte por causa de um menino que passou 40 minutos comigo, e cujo nome eu nem sei.
E que eu jamais viria a conhecer se estivesse dormindo na minha caminha com esteira na minha host casa.
Pense muito bem antes de dizer nao a alguma coisa, eh o que eles nos dizem antes de vir pra cah.
E eh o que a gente acaba aprendendo, de um jeito ou de outro ;D